terça-feira, 23 de setembro de 2014

Delator acredita que PMs extorquiam traficantes no Rio

Um policial militar denunciado na Operação Amigos S/A, que prendeu uma quadrilha de PMs acusados de cobrar propina de moradores e comerciantes na Zona Oeste do Rio, disse em depoimento que desconfiava que o esquema também extorquia dinheiro de traficantes de drogas. Como mostrou o Bom Dia Rio nesta terça-feira (23), o policial, que foi delator nas investigações, tinha vínculo direto com os oficiais que comandavam a corrupção.
De acordo com o depoimento, uma das funções deste PM era fazer depósitos na conta de um oficial do 14º BPM (Bangu). As quantias variavam entre R$7,5 mil e R$13 mil, dependendo do faturamento da semana. O cheiro de maconha nas cédulas seria o motivo da desconfiança do delator em relação ao vínculo com o tráfico, segundo promotores do Ministério Público.
O PM que ajudou nas investigações disse ainda que era um homem de confiança da quadrilha e que tinha a função de diversificar as fontes de extorsão com a fiscalização de caminhões, mototaxis e cooperativas de vans.
“Ranking” de batalhões
Sem deixar claro no depoimento a data exata, o delator contou que em 2012 foi transferido do 41º BPM (Irajá) para o 14º BPM (Bangu). A mudança para o batalhão de Bangu significava uma promoção para os agentes que participavam do esquema, já que era nesse local que circulava mais propina. Ele detalhou ainda em ofício sobre uma espécie de ranking feito pelos servidores corruptos da PM sobre os batalhões onde se conseguiria mais dinheiro.
O juiz responsável pelo caso, disse que o depoimento dado pelo policial confirmou a identificação dos suspeitos e ajudou a entender como funcionava a divisão de tarefas e a hierarquia do grupo. Com a delação premiada, o policial recebeu o direito de responder em liberdade por associação criminosa e pode ter a pena reduzida em caso de condenação.
Propina de R$15 mil 
O policial afirmou que ouviu de oficiais presos na operação que todos os batalhões da polícia eram obrigados a pagar uma quantia de R$ 15 mil ao Estado-Maior da PM. A assessoria da Polícia Militar informou que o comandante geral da corporação, coronel Luís Castro Menezes, ficou indignado ao tomar conhecimento do depoimento e classificou as declarações como absurdas. Ainda segundo a assessoria, todas as denúncias serão investigadas com rigor.

Governo do MA quer atuação da Força Nacional nas ruas de São Luís

O governo do Maranhão solicitou ao Ministério da Justiça o envio de reforço da Força Nacional  não apenas para atuar no sistema penitenciário, mas também nas ruas de São Luís e em outras áreas da região metropolitana.  O documento traz como justificativa para o pedido "momentos de tensão e  terror em face de atos de violência e vandalismo praticados por facções criminosas em São Luís".

O pedido de reforço policial federal ocorre após um fim de semana no qual foram registrados 17 ataques a ônibus, microônibus, viaturas da polícia e carros particulares, entre sábado (20) e a madrugada desta segunda-feira (22). No sábado (20), foram quatro ônibus - dois na garagem de uma empresa no São Cristóvão, um no Alto do Pinho, outro na Santa Bárbara. Nesse dia, também foi incendiado um microônibus em São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís. No domingo (21), um ônibus que transportava integrantes de um grupo de bumba meu boi, no bairro Alemanha, foi incendiado. Nesta segunda-feira (22), foram mais três ônibus, desta vez, na garagem da empresa Gonçalves, no bairro Santa Cruz; além de dois carros particulares em uma concessionária, na Avenida dos Africanos; e seis veículos que estavam em uma garagem de carros usados da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP), no bairro do Radional.
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Força Nacional de Segurança está no Maranhão desde outubro do ano passado, quando 150 soldados foram deslocados para São Luís para reforçar a  segurança no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. A tropa chegou em um fim de semana, exatamente quando 25 detentos tentaram mais uma fuga do presídio. Já na noite do dia 13 de outubro de 2013, um domingo, foi feita a primeira vistoria na unidade prisional.

No mesmo período, o governo do Estado decretou estado de emergência no sistema prisional do Maranhão. A medida objetiva a construção de um presídio de segurança máxima em São Luís e unidades prisionais no interior do Estado.
Ônibus são queimados durante ataques em São Luís (Foto: Marcial Lima/TV Mirante)Ônibus são queimados durante ataques em São
Luís (Foto: Marcial Lima/TV Mirante)
Ataques a veículos
Segundo a polícia, 12 homens presos e cinco adolescentes apreendidos, suspeitos de integrar facções criminosas e participar dos incêndios a veículos ocorridos no último fim de semana, em São Luís. A Polícia Militar acredita que os ataques tenham sido ordenados por facções criminosas de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em represália a medida de contenção de rebeliões e fugas de presos.

"Não podemos confirmar que as ordens partiram de lá, mas já sabemos que  das várias pessoas investigadas, ficou comprovado que partiu delas as ordens, essas pessoas já estão presas. Os ataques são uma reação aos atos duros e fortes que estamos tomando não somente no complexo, mas também contra as facões", argumentou o secretário.
Nesta segunda-feira, Marlon de Carvalho França e Evanilson Viana Sousa foram presos no Parque Aracagi, na região metropolitana de São Luís. Com eles, foram encontradas duas latas de solventes. Segundo a PM, o material que foi encontrado com a dupla seria usado para queimar dois ônibus nesta tarde, em São Luís. "Constatamos a veracidade de denúncia após encontrarmos latas de solventes com eles. De acordo com informações já coletadas, eles iriam atear fogo em carros da empresa que faz linha para a Vila Alonso Costa", afirmou um policial do Serviço de Inteligência, que não quis se identificar.

Novo secretário
Nesta segunda-feira (22), a Secretaria de Comunicação do governo do Estado confirmou odefensor Público Paulo Guimarães como o novo secretário estadual de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Ele substitui o delegado Marcos Affonso, que desde a última quinta-feira (17) responde interinamente pela pasta e também é secretário de Segurança Pública do estado.

O novo secretário assume a pasta em meio a uma crise no sistema penitenciário maranhense. Situação que levou o então secretário da Sejap, Sebastião Uchoa, a entregar o cargo na última quarta-feira. O pedido de demissão ocorreu horas após uma nova fuga no Presídio São Luís I, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na capital maranhense, quando um grupo de 13 detentos conseguiu fugir por um túnel.

O Presídio São Luís I é uma das oito unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que também é formado pela Casa de Detenção (Cadet), Centro de Detenção Provisória (CDP), Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), Centro de Triagem (CT), Penitenciária de Pedrinhas  (PP), Presídio São Luís II (PSL II) e Centro de Reeducação e Integração Social das Mulheres Apenadas (Crisma) ou Presídio Feminino (PF). O Complexo é conhecido internacionalmente pelos problemas de segurança gerados por fugas e mortes, e também foi palco de brigas de facções, com presos decapitados.

Grávida morta em Niterói tentava aborto pela segunda vez, diz delegado

Uma mulher morreu neste sábado (20) depois de ser submetida a um aborto em Niterói, Região Metropolitana do Rio. Elizângela Barbosa tinha 32 anos e deixa três filhos. Meses antes de se submeter a cirurgia, a vítima teria ingerido remédios abortivos, segundo o delegado Adilson Palácio, da Divisão de Homicídios de Niterói. A polícia informou ainda que já tem os nomes de pessoas que teriam envolvimento na morte de Elizângela.
"Ela tentou realizar o aborto através de medicações, mas não teve sucesso. A gravidez teve progressão e ela quis fazer o procedimento médico", afirmou o delegado.
Este é o segundo caso em menos de um mês que a polícia investiga sobre crimes praticados em clínicas clandestinas na Região Metropolitana do Rio. No dia 26 de julho, Jandira Magalena dos Santos desapareceu após se submeter à operação.
Carro que teria levado Elisângela ao hospital, segundo a polícia (Foto: Matheus Rodrigues / G1)Carro que teria levado Elisângela ao hospital,
segundo a polícia (Foto: Matheus Rodrigues / G1)
A Divisão de Homicídios de Niterói investiga se é verdadeira a informação de que pessoas, não identificadas, pararam o motorista deste carro, na Estrada de Ititioca, que é cercada por favelas. Na delegacia, o motorista contou que foi obrigado a deixar Elizângela no Hospital Estadual Azevedo Lima.
Duas mulheres também teriam entrado no carro. A dona de casa morreu minutos depois de chegar ao hospital. Na necropsia, legistas encontraram um tubo plástico no útero dela.
Elizângela foi vista pela última vez na manhã de sábado, quando o marido a deixou na Estrada da Tenda, no bairro Engenho Pequeno, na periferia de São Gonçalo. Segundo o marido, nesse local ela se encontrou com um homem que a levaria a uma clínica de aborto. Na bolsa, ela levava R$ 2,8 mil para pagar a cirurgia.
A polícia suspeita que a clínica funcione em Niterói. Elizângela estava grávida de cinco meses e já tinha três filhos e não queria mais um. Ela e o marido trocaram quatro mensagens pelo celular entre sábado e domingo.

Corpo é encontrado perto da raia olímpica da USP

Um corpo foi encontrado na Raia Olímpica da Universidade de São Paulo (USP), no Campus do Butantã, Zona Oeste da capital paulista, na manhã desta terça-feira (23). A Polícia Civil investiga se ele seria do estudante desaparecido em uma festa dos 111 anos do Grêmio Politécnico que começou na noite de sexta-feira (19). Desde a madrugada de sábado (20), ele não foi mais visto.
Victor Hugo Santos, que cursa design gráfico no Senac, foi até o evento que começou na noite de sexta-feira e só terminou na madrugada de sábado. Na segunda-feira (22), a polícia informou que foram encontradas manchas de sangue no local da festa e que a família vai fazer exames de DNA para comparar se o sangue encontrado é do estudante. A polícia também vai rastrear o celular do estudante.
Os pais, a irmã e dois amigos que estavam com o estudante prestaram depoimento na tarde de segunda no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo o Grêmio, 5 mil pessoas participaram da festa open bar, no Velódromo. Marcelo D2 e CPM22 foram atrações. Quando terminaram os shows, por volta das 4h30, ele se separou do grupo de amigos e não voltou mais.
O estudante Victor Hugo Santos em foto com camiseta que ele usava no dia da festa, segundo a família (Foto: Arquivo Pessoal)Estudante usava essa camiseta quando
desapareceu (Foto: Arquivo Pessoal)
“Os shows tinham acabado e a gente estava saindo da festa. Ele falou: ‘Eu vou buscar uma cerveja’. E nisso a gente se desencontrou”, disse o estudante Artur Sarmento.

O Grêmio Politécnico disse que tinha 140 seguranças e duas ambulâncias no local. Um representante da empresa C.O.S Group, responsável pela segurança do evento, disse não houve registro de brigas durante a festa.
“Nessa festa não tivemos nenhuma ocorrência de briga de nenhum gênero em que fosse preciso retirar alguém do evento”, disse ao Bom Dia São Paulo por telefone
Corpo foi encontrado na raia olímpica  (Foto: Reprodução /TV Globo)

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Flagrantes mostram invasão de ambulantes na Avenida Paulista

Flagrantes mostram a invasão dos ambulantes em um dos principais cartões-postais e centro financeiro do país. Todos os dias, a Avenida Paulista vira um mercado livre para a venda de todo o tipo de produtos. Quem trabalha regularmente se queixa da concorrência desleal e da falta de fiscalização. O comércio irregular se espalhou pelo centro.
A falta de fiscalização e de cuidado está ficando evidente na avenida que é a cara da cidade. Com a degradação, vem a violência. E a Avenida Paulista não é a única em que o poder público está deixando de cumprir seu papel.
Uma avenida ocupada por ambulantes. Para ter a noção exata da quantidade deles só gravando sem parar de dentro do carro. Se falta espaço no chão, a grade de uma das esquinas mais movimentadas vira uma espécie de arara ao ar livre.
Se o prédio está em construção, a ocupação é dos dois lados da calçada. Nem a mureta do espelho d’água do MASP está livre dos camelos. É tanta certeza de que ninguém vai incomodar que uma vendedora ambulante faz tricô tranquilamente.
É com o sol se pondo que os camelos se sentem mais à vontade na Avenida Paulista. Os quase três quilômetros de um dos principais cartões postais da cidade ficam lotados de ambulantes vendendo absolutamente tudo.
O pano para faturar é estendido na frente de todo mundo, simples assim. E quem paga caro para vender regularmente está inconformado. “Parece que está largado. Pessoal vendendo o que quiser na calçada. O som com alto-falantes altíssimos, está uma bagunça. Não se vê fiscalização passando”, diz o comerciante Ivan Leite da Silva.
A ausência de fiscalização atrai também ladrões, que acabaram com o passeio da Caroline Fátima Melo de Freitas. “Pegaram o celular da minha bolsa sem eu perceber. Eu estava andando, passeando pela Paulista e pegaram o celular. Está faltando segurança, policiamento”, lamenta a analista de inteligência de mercado.
A associação que representa as empresas, os escritórios, os lojistas da Paulista também já pediu ajuda aos autoridades, e a resposta não anima muito não. “A gente tem recebido informações de que está se criando mecanismos de fiscalização eficientes”, afirma o representante.
O comércio irregular está escancarado em outro endereço tradicional da cidade: o Largo da Concórdia. Na maior cara de pau este homem vende um celular pra quem está passando.
Às vezes os camelôs colocam sacos pretos para disfarçar a mercadoria: bebida, cigarro contrabandeado bem mais em conta e muita comida. Quando os policiais chegam os vendedores já sumiram. Estão, provavelmente, faturando em outro lugar.
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras diz que a cidade tem hoje 2,5 mil ambulantes regularizados e que, de janeiro a maio deste, ano foram apreendidos mais de 105 mil produtos irregulares vendidos em locais públicos. Essas apreensões fazem parte do programa que tem como foco a redução do número de ambulantes irregulares e ilegais.
Muito ambulante está tentando se virar, mas não dá para ocupar ruas de qualquer maneira, ainda mais com produtos irregulares.

Policial que matou ambulante em SP vai para presídio militar

O policial militar que baleou e matou um ambulante na quinta-feira (17) foi encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Nesta sexta-feira (18), ele deixou Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após prestar depoimento. A polícia diz que o disparo foi acidental. Testemunhas negam.

Imagens mostram o momento em que os policiais dominam um camelô. Carlos Augusto Muniz se aproxima dos policiais. Não é possível ver o disparo, mas dá para escutar o barulho. O ambulante foi atingido na cabeça e não resistiu.

O policial foi autuado em flagrante por homicídio. A Secretaria de Segurança Pública afirmou, em nota, que não compactua com desvio de conduta de policiais. O caso é apurado pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil.

Suspeitos de fraude no Sest/Senat são presos em operação policial

A Polícia Civil do Distrito Federal cumpre, na manhã desta sexta-feira (19), cinco mandados de prisão de suspeitos de desvio de recursos do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), em Brasília e em Minas Gerais. Até as 8h30, quatro pessoas haviam sido presas na Operação São Cristóvão.

De acordo com a corporação, um grupo de diretores da instituição é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de recursos da União, repassados ao Sest/Senat entre 2011 e 2012 para a realização de cursos profissionalizantes. Não foi informado se os diretores estão entres os presos. O prejuízo confirmado passa dos R$ 20 milhões, conforme a polícia.

Entre os envolvidos no esquema de desvio de recursos estaria o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade (PMDB-MG). Ele foi  vice-governador de Minas entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Aécio Neves. Policiais do estado também foram acionados para auxiliar na operação. O ex-parlamentar é réu no caso conhecido como mensalão tucano.

Na ação penal, Clésio é acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, tentado ocultar recursos recebidos de Marcos Valério na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998 – Clésio Andrade era candidato a vice. O G1 tentou contato com um advogado do ex-parlamentar, mas até as 9h ninguém havia sido encontrado.

Segundo os agentes da operação, diretores receberam gratificações salariais milionárias nesse período. A entidade teria falsificado documentos para justificar os pagamentos à Controladoria-Geral da União (CGU).